Um tempo desses que quando você menos percebe, está ali.











Sorrindo.




Bem-humorado e sem nenhum livro de auto-ajuda.
Um tempo bonachão que nem ao menos quer ser feriado.

Na verdade, o homem que deixou de esperar descobriu tal processo ou tal possibilidade íntima quando se viu podendo fazer escolhas, sabendo esperar (por mais paradoxal que isto lhe pareça) e lembrando com alguma parcimônia daquela tal _________ (nada plástica) que as gerações passadas e as vozes de mulheres lhe ofereceram como ensino.

O homem que deixou de esperar finalmente aprendeu a dar adeus da mesma maneira que ‘olás’ no primeiro encontro.

No fundo, talvez tenha conseguido deixar de esperar quando se deu conta que para toda cruz há um grupo de cupins que lhe serve de mote, de molde, de mar, de plataforma de salto em hipertexto.

E assim o sol retomou (mesmo que por átimos de segundos) a consciência natural do seu ritmo não menos natural, de sua ficção inevitável, do seu amor teórico/prático, de sua originalidade primitiva e ontológica...

O homem que deixou de esperar redescobriu o gest(o)ação.

E assim, para além de sua dispersão inata, ele não fez nenhuma revolução, nenhuma cena de cinema, nenhuma foto de novela, nenhuma demonstração estúpida de amor público (e de pouco amor-próprio) e finalmente deixou de ser refém daquele que acreditava amar.



Apenas sorriu e amanheceu e amém.

E lembrou que nunca há nenhuma obrigatoriedade de amanhecer da mesma maneira que dormiu ontem.



21/04/08
Alexandre Sá

Postagens mais visitadas